Miróbriga, a Rádio Entre a Planície e o Mar

A emitir a partir do Alentejo em 102.7 FM e em miróbriga.pt, a Rádio Miróbriga em 2011 assinalou o seu vigésimo quinto aniversário. Este é o nosso novo lugar na blogoesfera

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Mensagem de D. António Vitalino

Emissão de 10 de Janeiro de 2012

Depois de ouvir as palavras, recorde a mensagem de D. António Vitalino na Miróbriga:

A magia do sonho e a luz para o caminho

Os cristãos terminam o ano civil e começam o novo imersos na alegria e simplicidade da quadra natalícia. O nascimento de uma criança numa gruta de pastores, que afinal é o Messias, o Salvador prometido, os anjos cantando a glória de Deus, a família de Nazaré e a da prima Isabel com Zacarias e João Batista, o rei Herodes e a narrativa dos sábios do oriente, conhecida como história dos reis magos, os seus presentes simbólicos, ouro, incenso e mirra, entregues ao menino de Belém, os cantares natalícios e das janeiras, no Alentejo o Cante ao Menino, tudo isto enche este tempo de uma magia especial, que nos faz sonhar de novo uma vida bela, repleta de luz, de cor e do amor espelhado na atenção e veneração dos adultos para com as crianças.
Sinto pena de quem não pode sentir e sonhar da mesma maneira, pois o sonho alimenta a vida, como alguém canta, fortalece a esperança e ilumina o caminho da humanidade à procura da felicidade, da realização plena. Mesmo que sejam menos exuberantes as iluminações natalícias por causa da crise energética e económica, a luz da fé continua a brilhar e a apontar-nos o caminho.
Ouvindo a narrativa dos reis magos, que em Jerusalém deixaram de ver a estrela e por isso se dirijiram ao palácio de Herodes, que, impertigado pela ameaça ao seu poder, reuniu os sacerdotes e escribas da corte, senti-me na pele destes personagens, movidos por ideais e atitudes contrárias e perguntei-me: porque uns procuram, se põem a caminho e os de casa não se interessam, estão instalados e adormecidos? Os sábios voltaram a ver a estrela, encontraram um menino envolto em palhas e adoraram-no, voltando depois para suas terras por outros caminhos, cheios de alegria e esperança, enquanto Herodes, fica no seu palácio, frustrado, maquina a morte e a vingança.
Partilhando estas histórias e pensamentos em ambientes diferentes, entre presos e em comunidades paroquiais, percebi que precisamos de alimentar a nossa vida com o sonho e a esperança, purificar o nosso olhar, para descobrir a luz de Deus nas crianças, nos pobres, nos marginalizados dos poderes deste mundo. Se o fizermos, vamos descobrir caminhos novos para nós e a humanidade, que nos ajudarão a vencer as crises, cujas raizes estão no coração ambicioso de muitos, que excluem Deus do seu horizonte.
Quem procura, de coração sincero, movido pelo amor à verdade, à justiça, à fraternidade, à família, encontra a luz para o caminho da vida. Quem se instala, adormece ou nutre ambição de poder e de domínio sobre o seu semelhante, deixa de sonhar e ver a luz.
Mas será que todos os cristãos ainda sonham um mundo melhor, alimentam a sua esperança e a dos seus semelhantes, iluminando os caminhos da vida? Parece-me que muitos esconderam a luz da fé debaixo do alqueire ou fecharam-na num esconderijo da casa.
Precisamos de alimentar os nossos sonhos e iluminar a nossa esperança com a Palavra de Deus e partilhá-la no diálogo intergeracional e na missão eclesial, para que haja luz para a vida do mundo. Neste sentido, no dia 21, em Santiago do Cacém, iremos reunir os animadores da missão e das assembleias familiares, para prepararmos o relançamento das missões. Temos um manancial de alimento para partilhar a luz e alimentar a esperança. Vamos levantar-nos do sono, procurar e caminhar, pois quem busca encontra.
Até para a semana, se Deus quiser
 
† António Vitalino, Bispo de Beja

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Crónica de D. António Vitalino

As crónicas de D. António Vitalino estão na Rádio Miróbriga

A paz, o futuro e os jovens

Na passagem de ano muitos desejos foram expressos, quase todos ao nível da realização económica, profissional e da saúde, poucos apontando para dimensões mais transcendentes, para as relações profundas da pessoa humana. É precisamente por aí que começa e termina a mensagem do Papa para o dia mundial da paz, que desde 1968 se celebra no primeiro dia do ano civil. Bento XVI convida-nos a levantar os olhos para o alto, de onde nos virá o auxílio. Exorta-nos a suspirar pela luz que vem das alturas, como a sentinela espera pela aurora. Sem esta luz dificilmente encontraremos o sentido da vida humana e do mundo.
Referindo-se à frustração reinante por causa da crise que aflige a sociedade, o mundo do trabalho e a economia, o Papa alude às suas raizes profundas, primariamente culturais e antropológicas. Nesta escuridão de sentido o coração humano anseia pela aurora. Isto nota-se particularmente nos jovens, que não é a geração rasca ou do vazio, mas a indignada perante uma sociedade sem valores. Por isso Bento XVI dirige esta primeira mensagem do ano aos jovens, que podem oferecer um valioso contributo à sociedade para encontrar rumo e sentido, dando uma nova esperança ao mundo. “A Igreja olha para os jovens com esperança, tem confiança neles e encoraja-os a procurarem a verdade, a defenderem o bem comum”, a descobrirem novas perspetivas sobre a vida e o mundo.
Este novo olhar dos jovens exige dos adultos, dos educadores e da família novas pedagogias, uma relação de amor, em que cada interveniente pôe o outro em primeiro lugar, numa atitude de respeito pela dignidade da pessoa, de abertura e de testemunho das próprias convicções e saberes. “É na família que se aprendem a solidariedade entre as gerações, o respeito pelas regras, o perdão e o acolhimento. Esta é a primeira escola, onde se educa para a justiça e a paz”.
À luz destes princípios os adultos e as instituições sociais, culturais e políticas, e também as religiosas, têm muito a rever na sua pedagogia, no seu testemunho e até mesmo pedir desculpa às novas gerações pelo nosso desinteresse, para não dizer esquecimento ou negação, pela verdade, pela justiça, pela solidariedade, pelo bem comum, pelos valores transcendentes e espirituais. As atitudes materialistas, egoistas e relativistas dos adultos projetaram muitas sombras e trevas nos horizontes das novas gerações. Mas o coração do ser humano, sobretudo o do jovem, dificilmente se deixa abafar. Por isso o bem-aventurado Papa João Paulo II dizia em 1982, no Parque Eduardo VII, que os jovens têm uma certa conaturalidade com Cristo, pois são mais sensíveis aos verdadeiros valores. A experiência de Santo Agostinho continua a ser feita por muitos jovens, quando descobrem a beleza do amor de Deus e a fugacidade e mentira das atrações mundanas.
Também Bento XVI manifesta uma grande confiança nos jovens, dizendo que são um dom precioso para a sociedade, exortando-os a não se deixar invadir pelo desânimo nem abandonar-se a falsas soluções, mas deixando-se fascinar pela verdade, beleza e amor verdadeiro, tornando-se assim também um exemplo e estímulo para os adultos.
Enfim, unindo as nossas forças espirituais, morais e materiais, conseguiremos alcançar a meta de um mundo com rosto mais humano, fraterno, justo, pacífico e solidário, onde dá gosto viver, sempre peregrinos do além, que está em Deus, tornado visível no Menino que nos foi dado, nascido em Belém, o Emanuel, Deus connosco, Jesus, o Salvador.
Para todos os meus votos de um ano de paz, repleto das bênçaos de Deus e de um futuro de maior esperança, em sintonia com todas as gerações, a começar pela família.
                                    
† António Vitalino, Bispo de Beja

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2011-2012

Bom Novo Ano
São os desejos de toda a equipa da Miróbriga a todos os nossos ouvintes, leitores, parceiros, colaboradores e amigos.